terça-feira, 2 de novembro de 2010

Historiadores e História: Heródoto

Heródoto
Heródoto foi um geógrafo e historiador grego, continuador de Hecateu de Mileto, nascido no século V a.C. (485–420 a.C.) em Halicarnasso (hoje Bodrum, na Turquia).
Foi o autor da história da invasão persa da Grécia nos princípios do século V a.C., conhecida simplesmente como As histórias de Heródoto. Esta obra foi reconhecida como uma nova forma de literatura pouco depois de ser publicada.
Antes de Heródoto, tinham existido crónicas e épicos, e também estes haviam preservado o conhecimento do passado. Mas Heródoto foi o primeiro não só a gravar o passado mas também a considerá-lo um problema filosófico ou um projecto de pesquisa que podia revelar conhecimento do comportamento humano. A sua criação deu-lhe o título de "pai da história" e a palavra que utilizou para o conseguir, historie, que previamente tinha significado simplesmente "pesquisa", tomou a conotação atual de "história".
A obra Histórias foi frequentemente acusada no velho mundo de influenciável, imprecisa e plagiária. Ataques semelhantes foram preconizados por alguns pensadores modernos, que defendem que Heródoto exagerou na extensão das suas viagens e nas fontes criadas. Contudo, o respeito pelo seu rigor tem aumentado na última metade do século, sendo actualmente reconhecido não apenas como pioneiro na história, mas também na etnografia e antropologia.
Vale ressaltar sua contribuição aos estudos geográficos, por esse feito a revista de geografia geopolítica, de maior tiragem na França, fundada pelo famoso geógrafo Yves Lacoste leva seu nome.
Provavelmente escritas entre 450 e 430 a.C., as Histórias foram posteriormente divididas em 9 livros, intituladas segundo os nomes das musas, pelos eruditos alexandrinos. Por volta de 445 a.C., segundo consta, Heródoto fez leituras públicas de sua obra em Atenas.
Quanto ao conteúdo, os primeiros seis livros relatam o crescimento do Império Persa. Começam com uma introdução do primeiro monarca asiático a conquistar as cidades-estado gregas e o verdadeiro tributo, Creso da Lídia. Creso perdeu o reinado para Ciro, o fundador do Império Persa. As primeiras seis obras acabam com a derrota dos persas em 490 a.C., na batalha de Maratona, que constituiu o primeiro retrocesso no progresso imperial.
Os últimos três livros descrevem a tentativa do rei persa Xerxes I da Pérsia de vingar dez anos mais tarde a derrota persa em Maratona e absorver a Grécia no império persa. Histórias acaba em 479 a.C. com a expulsão na batalha de Plateias e o recuo da fronteira do império persa para a linha costeira da Anatólia.
No que diz respeito à vida de Heródoto, sabe-se que foi exilado de Halicarnasso após um golpe de estado frustrado contra a dinastia no poder em que estava envolvido, retirando-se para a ilha de Samos. Parece nunca ter regressado a Halicarnasso, embora em Histórias pareça sentir orgulho de sua cidade natal e da respectiva rainha, Artemísia I de Cária.
Deve ter sido durante o exílio que empreendeu as viagens que descreve em Histórias. Estas viagens conduziram-no ao Egipto, Primeira Catarata, Babilónia, Ucrânia, Itália e Sicília. Heródoto refere uma conversa com um informador em Esparta, e muito certamente terá vivido durante um determinado período em Atenas. Nesta registou as tradições orais das famílias proeminentes, em especial, a Alkmaeonidai, à qual Péricles pertencia do lado materno. Mas os Atenienses não aceitavam os estrangeiros como cidadãos, e quando Atenas apoiou a colónia de Thurii na aniquilação de Itália em 444 a.C., Heródoto tornou-se colono. Desconhece-se se lá morreu ou não.
Numa determinada altura tornou-se um logios – isto é, um recitador de prosa logai ou histórias – cujos temas baseavam-se em contos de batalhas, maravilhas de países distantes e outros acontecimentos históricos. Fez roteiros das cidades gregas e dos maiores festivais atléticos e religiosos, onde dava espectáculos pelos quais esperava pagamento. Em 431 a.C., a guerra do Peloponeso rebentou entre Atenas e Esparta. Poderá ter sido esse conflito, que dividiu o mundo grego, que o inspirou a reunir logoi numa narrativa contínua – Histórias – centrada no progresso imperial da Pérsia interrompida pela aliança entre Atenas e Esparta.
 Traduções das Histórias
Há em português uma tradução brasileira feita por Mário da Gama Kury, pela Editora da UnB. Também há tradução portuguesa de alguns livros das Histórias pela editora Edições 70. Ambas são feitas a partir do original grego.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Historiadores e Histórias: Carlos Viegas Gago Coutinho

Carlos Viegas Gago Coutinho
 Carlos Viegas Gago Coutinho (Lisboa, 17 de Fevereiro de 1869 — Lisboa, 18 de Fevereiro de 1959) foi um geógrafo cartógrafo, oficial da Marinha Portuguesa, navegador e historiador. Juntamente com o aviador Sacadura Cabral, tornou-se um pioneiro da aviação ao efectuar a Primeira travessia aérea do Atlântico Sul, no hidroavião Lusitânia.

 Biografia

Nasceu em Belém, Lisboa, em 17 de Fevereiro de 1869, filho de José Viegas Gago Coutinho e de Fortunata Maria Coutinho.
De família humilde, não pode frequentar, como desejava, o curso de Engenharia na Alemanha e ingressou, aos 17 anos, na Marinha Portuguesa, tendo terminado o curso da Escola Naval em 1888.
Serviu em vários navios e participou nas operações militares de Tungue em 1891 e em Timor em 1912.
Distinguiu-se como cartógrafo e geodeta a partir de 1898, quando de sua primeira comissão em Timor. Até 1920 levantou e cartografou não apenas aquele território mas também o de Niassa (1900), Congo (1901), Zambézia (1904-1905), Barotze (1912-1914), São Tomé e Príncipe (1916), estabelecendo vértices geodésicos e determinando coordenadas em missões científicas onde conseguia precisões notáveis, devido ao seu rigor e dedicação à missão que lhe fora confiada. Respondeu pela delimitação definitiva da parte norte da fronteira entre Angola e Zaire.
No decurso destes trabalhos fez a pé a travessia da África, onde conheceu Sacadura Cabral. Este incentivou-o a dedicar-se ao problema da navegação aérea, o que levou ao desenvolvimento do sextante de bolha artificial, posteriormente comercializado pela empresa alemã Plath com o nome "Sistema Gago Coutinho". Juntos inventaram ainda um "corretor de rumos" (o "plaqué de abatimento") para compensar o desvio causado pelo vento. Para testar essas ferramentas de navegação aérea, realizaram em 1921 a travessia aérea Lisboa-Funchal.
Assim preparados, em 1922, no contexto das comemorações do centenário da Independência do Brasil, os dois aviadores realizaram a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, sendo recebidos entusiasticamente em várias cidades do Brasil (Rio de Janeiro, São Paulo, Recife), bem como no regresso a Portugal.
Gago Coutinho recebeu largo reconhecimento devido a este feito, tendo sido promovido a contra-almirante e condecorado com as mais altas e prestigiosas distinções do Estado Português, além de ter recebido várias outras condecorações estrangeiras. Retirou-se da vida militar em 1939.
Em 1954 a TAP convidou-o para um voo experimental ao Rio de Janeiro em um DC-4, antecipando a futura linha regular que se estabeleceria em 1961.
A partir de 1925 dedicou-se à História Náutica, tendo desenvolvido vasta obra de investigação científica, publicando significativa variedade de trabalhos geográficos e históricos, principalmente acerca das navegações portuguesas, como, por exemplo, "O Roteiro da Viagem de Vasco da Gama" e a sua versão de "Os Lusíadas". Vários de seus trabalhos encontram-se compilados na "Náutica dos Descobrimentos".
Correspondeu-se com grandes nomes da história da aviação da época como Alberto Santos Dumont, apoiou Sarmento de Beires e João Ribeiro de Barros.
Pertenceu ao Grande Oriente Lusitano da Maçonaria Portuguesa e foi sócio da Sociedade de Geografia de Lisboa, onde foi responsável por uma das secções.
Por decisão da Assembleia Nacional foi promovido a Almirante em 1958. Faleceu no dia seguinte a completar 90 anos, sendo sepultado no Cemitério da Ajuda em Lisboa.

 Homenagens

Entre outras homenagens, vários logradouros homenageiam Gago Coutinho:
    * Uma rua no Rio de Janeiro, próxima ao Parque Guinle
    * Uma rua em São José do Rio Preto, São Paulo, Brasil
    * Uma rua em Londrina, Paraná, Brasil
    * Praça onde localiza-se o Aeroporto Internacional de Salvador, Salvador, Bahia, Brasil
    * Avenida Almirante Gago Coutinho, em Lisboa
    * Uma Avenida em Santo André,na Grande São Paulo
    * O edíficio da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, no Algarve,Portugal, tem sede na rua Rua Gago Coutinho, n.º1
    * Uma rua em Cuiabá, Mato Grosso, próximo a Av. CPA
    * Uma rua em Viana do Castelo, Portugal.

 Obras

    * COUTINHO, Gago. A náutica dos descobrimentos. Os descobrimentos marítimos vistos por um navegador. Colectânea de artigos, conferências e trabalhos inéditos do Almirante Gago Coutinho, Org. e pref. do Comandante Moura Braz, 2 vols., Lisboa, Agência Geral do Ultramar, 1951-1952.
    * COUTINHO, Gago. Ainda Gaspar Corte-Real, 35 p., Lisboa, 1950.
    * COUTINHO, Gago. Influencia que as primitivas viagens portuguesas a America do Norte tiveram sobre o descobrimento das "Terras de Santa Cruz", 26 p, Lisboa, 1937.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Historiadores e História: Jacques-Bénigne Bossuet


Nascimento     27 de setembro de 1627, 
Cidade de Dijon França
Morte     12 de abril de 1704 Paris, França 
Nacionalidade     Francês
Ocupação     Bispo, orador, teólogo e escritor
             Magnum opus     A Política tirada da Santa Escritura

Jacques-Bénigne Bossuet (Nascido em, 27 de setembro de 1627 - e morreu em Paris, 12 de abril de 1704) foi um bispo e teólogo francês.
Bossuet foi um dos primeiros a defender a teoria do absolutismo político; ele criou o argumento que governo era divino e que os reis recebiam seu poder de Deus.
Foi autor de "A Política tirada da Sagrada Escritura", publicada postumamente em 1709, na qual defende a origem divina do poder real: Deus delegava o poder político aos monarcas, conferindo-lhes autoridade ilimitada e incontestável. O caso mais exemplar de governante que se serviu das idéias de Bossuet foi Luís XIV de França, chamado "Rei Sol".


 Biografia

Jacques Bossuet foi um amador do dos principais teóricos do absolutismo por direito divino, nasceu em uma família de magistrados em 1627, em Dijon, onde recebeu educação no colégio jesuíta. Por estar destinado à vida religiosa, recebeu tonsura (um corte especial de cabelo com um círculo raspado no alto posterior do crânio) aos 10 anos. Aos 15 foi para Paris onde estudou teologia no College de Navarre e presenciou os motins da Fronde, um levante de amotinados contra o absolutismo real
Em 1652 foi ordenado padre e recebeu doutorado em teologia. Seu pai obteve-lhe a indicação para cônego na Mogúncia (Metz) onde ficou popular como orador em controvérsia com os protestantes. Dividiu o tempo entre Metz e Paris até 1659 e a partir de 1660 raramente deixava a capital. Lá, pregou os sermões da quaresma em dois famosos conventos, o dos franciscanos mínimos e o dos carmelitas, e em 1662 foi chamado a pregar para Luís XIV. Ficaram famosos suas orações fúnebres, principalmente nos funerais Henrietta Maria of France, rainha da Inglaterra e de sua filha Henrietta Anne da Inglaterra, cunhada de Louis XIV, da princesa Anne de Gonzague, do chanceler Michel Le Tellier, e o do Grande Condé .
Foi designado bispo de Condom (1669), no sudoeste da França, mas, escolhido para tutor do Delfim, o filho mais velho do rei, renunciou ao bispado e ingressou na corte, onde teve a oportunidade de aperfeiçoar seus conhecimentos e integrar-se na política. Eleito para a Academia Francesa, foi também nomeado conselheiro do rei. Foi designado bispo de Meaux em 1681, e deixou a corte; embora mantivesse amizade com o delfim e o rei, foi um bispo dedicado, pregando e ocupando-se de organizações de caridade, poucas vezes deixando sua diocese.
Bossuet estava tão integrado ao absolutismo do reinado de Luís XIV que chegou ao extremo de definir como herético qualquer um que tivesse opinião própria. Foi o formulador da ideologia gaulesa ou galicana, que estabelecia certos direitos do rei contra o papa, uma questão que sempre fora polêmica. Temendo uma cisão dentro da igreja, entre os partidários do rei e os ultramontanistas (alusão a estar a sede da Igreja além dos Alpes), que consideravam os poderes do papa supremos e inatacáveis mesmo em solo francês. Promoveu uma assembléia geral do clero francês em 1681-1682 cujo documento final redigiu e na qual ficou definido que o papa era autoridade somente em matéria religiosa.
Não podia deixar de se envolver também em outras questões igualmente contemporâneas como o jansenismo, a doutrina de que a salvação é uma graça concedida apenas a alguns, e o quietismo, uma forma de misticismo de contemplação passiva e abandono à presença divina, pregada pelo arcebispo de Cambrai, Francois Fenelon, condenado em Roma em 1699. Contra Fenelon escreveu Instruction sur les etats d'oraison (1697) e Relation sur le quietisme (1698). Também atacou violentamente o teatro francês como imoral no seu Maximes et reflexions sur la comedie (1694).
Seu livro Política tirada das Santas Escrituras, 1708, valeu-lhe a reputação de teórico do absolutismo. Nessa obra ele desenvolve a doutrina do direito divino segundo a qual, qualquer governo formado legalmente expressa a vontade de Deus e é sagrado e qualquer rebelião contra ele é criminosa. Em contra partida, o soberano deve governar seus súditos como um pai, à imagem de Deus, sem se deixar afetar pelo poder. Escreveu também Exposição da Fé Católica, História das Variações das Igrejas Protestantes e "Discurso sobre a História universal. Bossuet faleceu em Paris em 12 de abril de 1704. Jacques Bossuet : para este filósofo francês o rei era o representante de Deus na Terra. Portanto, todos deveriam obedecê-lo sem contestar suas atitudes.


 Obra

    * discours sur l'Histoire universelle (1681)
    * Histoire des variations des Églises protestantes (1688)
    * Défense de la Tradition et des saints Pères (1693)
    * Maximes et réflexions sur la comédie (1694)
    * La Politique tirée de l'Écriture sainte (póstumo) (1709)
    * Traité de la connaissance de Dieu et de soi-même (póstumo) (1741)

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Historiadores e História: Fernão Lopes


Fernão Lopes (1378 — 1459) foi funcionário do paço e notário, nomeado em 1434 Cronista-Mor pelo rei D. Duarte, escreveu as crónicas dos reis D. Pedro I, D. Fernando e D. João I (1.ª e 2.ª partes).
Do ponto de vista da forma, o seu estilo representa uma literatura de expressão oral e de raiz popular. Ele próprio diz que nas suas páginas não se encontra a formosura das palavras, mas a nudez da verdade. Era um autodidacta. Foi um dos legítimos representantes do saber popular, mas já no seu tempo um novo tipo de saber começava a surgir: de cunho erudito-acadêmico, humanista, classicizante.

 Biografia


 Ocupa, entre a série dos cronistas gerais do Reino, um lugar de destaque, quer como artista quer pela sua maneira de interpretar os factos sociais. Fernão Lopes poderá ter nascido entre 1378 e 1390, aproximadamente, visto que em 1418 já ocupava funções públicas de responsabilidade (era Guardião-mor das escrituras da Torre do Tombo). Pertencia portanto à geração seguinte à que viveu o cerco de Lisboa e na batalha de Aljubarrota. A guerra com Castela acabou em 1411, pelo que Fernão Lopes pôde ainda acompanhar a sua fase, e conhecer pessoalmente alguns dos seus protagonistas, como D. João I, Nuno Álvares Pereira, os cidadãos de Lisboa que se rebeliaram contra D. Leonor Teles e elegeram o Mestre de Avis seu defensor em comício popular, alguns dos procuradores às Cortes de Coimbra de 1385 que, apoiando o dr. João das Regras declararam o trono vago e, chamando a si a soberania, elegeram um novo rei e fundaram uma nova dinastia.
Profissionalmente, Fernão Lopes era um tabelião, provavelmente de origem viloa, mesteiral, porque contava um sapateiro na família de sua mulher. Foi empregado da família real e da corte, escrivão de D. Duarte, ainda infante, do rei D. João I, e do infante D. Fernando, em cuja casa ocupou o importante posto de «escrivão da puridade», que correspondia ao cargo de maior confiança pessoal concedido pela alta nobreza. A partir de 1418 aparece a desempenhar as funções de Guarda-mor da Torre do Tombo, encarregado de guardar e conservar os arquivos do Estado, lugar de confiança da Corte. Como prémio dos seus serviços, recebeu o título de «vassalo de El-rei», carta de nobreza atribuída então com certa liberalidade a membros das classes não nobres. Em 1454 foi reformado do cargo de Guarda-mor da Torre do Tombo devido à sua idade. Ainda vivia em 1459, segundo atesta um documento de transmissão de sua herança.

Durante este longo período de actividade, Fernão Lopes atravessou os reinados de D. João I, D. Duarte, o governo de D. Pedro, e parte do reinado de D. Afonso V. Conheceu muitas alterações políticas e sociais. Ao rei eleito e popular, D. João I, viu suceder um rei mais dominado pela aristocracia, D. Duarte; viu crescer o poder feudal dos filhos de D. João I, e com ele o predomínio da nobreza, que saíra gravemente abalada da crise da independência. Assistiu à guerra civil subsequente à morte de D. Duarte, à insurreição de Lisboa contra a rainha viúva D. Leonor, e à eleição do infante D. Pedro por esta cidade, e em seguida pelas cortes, para o cargo de Defensor e Regedor do Reino, em circunstâncias muito parecidas com as que tinham levado o mestre de Avis ao mesmo cargo e seguidamente ao trono em 1383-1385. Assistiu depois à reacção do partido da nobreza, à queda do infante D. Pedro, à sua morte na sangrenta batalha de Alfarrobeira, à perseguição e dispersão dos seus partidários, ao triunfo definitivo da nobreza, no reinado. Foi testemunha do início da expansão ultramarina e teve a sua quota parte no desastre militar de Tânger, por causa da morte de seu filho médico do infante D. Fernando, que veio a morrer em cativeiro, em Marrocos.
Fernão Lopes viveu uma das épocas mais perturbadas da história de Portugal, cheia de ensinamentos para o historiador. A carreira de Fernão Lopes como historiador é provavelmente a mais longa do que há pouco se supôs, pois é provável que já em 1419 realizasse por encargo do então infante D. Duarte a compilação e redacção de uma crónica geral do reino de Portugal. Só em 1434, porém, aparece oficialmente encarregado pelo rei D. Duarte de relatar as histórias dos reis anteriores e os feitos do rei D. João I, pelo qual seria remunerado com uma pagamento anual. Após a morte deste rei o Regente D. Pedro, em nome de D. Afonso V, confirma Fernão Lopes na mesma incumbência, mantendo-lhe o salário. Em 1449, pouco antes da batalha de Alfarrobeira, ainda recebe um pagamento de D. Afonso V pelos seus trabalhos historiográficos, mas já nessa época entrara em actividade um outro cronista, Gomes Eanes de Zurara. A última obra em que Fernão Lopes trabalhou, a Crónica de D. João I, embora monumental, ficou incompleta e foi continuada por Zurara (a Crônica estava dividida em 3 partes das quais Fernão Lopes só pode escrever as duas primeiras).

 Obras

Muitas de suas obras se perderam, sendo as três abaixo citadas as de sua autoria:

    * Crônica de el-rei D. Pedro I 

    * Crônica de el-rei D. Fernando
    * Crônica de el-rei D. João I, 1.ª e 2.ª partes

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Historiadores e História: Alberto Sampaio


 Biografia

Alberto Sampaio nasceu em Guimarães, a 15 de Novembro de 1841, na antiga Rua dos Mercadores, filho de Bernardino de Sampaio e Araújo e Emília Ermelinda Cardoso Teixeira. A infância passou-a entre Guimarães e Famalicão, onde a sua família possuía a Quinta de Boamense, na freguesia de Cabeçudos. Aprendeu as primeiras letras em Landim e completou em Braga os estudos que lhe permitiram partir para Coimbra, aos 15 anos. Em 1863, formou-se em Direito. Ao longo de meia década em Coimbra, participou activamente na vida académica, colaborando em jornais e convivendo com alguns dos jovens mais notáveis da sua geração, como Antero de Quental, com quem fez uma viagem aos Estados Unidos da América, pouco antes das celebradas Conferências do Casino. Envolveu-se activamente num movimento que deixou marcas profundas no imaginário académico coimbrão, a Sociedade do Raio, que se bateu pela renovação da Universidade. 

Alberto Sampaio
 

De Coimbra, mudou-se para Lisboa, onde ensaiou o exercício da advocacia. Por pouco tempo. Não tardaria muito, estava de volta à sua terra natal, onde, apesar da sua personalidade avessa à exposição pública, manteve uma intervenção cívica constante.
Em 1869, integrou a filial de Guimarães da Associação Arqueológica de Lisboa. Na década de 1870 conheceu Oliveira Martins no Porto. Em 1873, fez parte do núcleo dos fundadores da Companhia dos Banhos de Vizela, subscrevendo, no ano seguinte, o contrato para o aproveitamento das nascentes das águas medicinais de Vizela e para a construção de estabelecimento de banhos. Entre 1874 e 1876, esteve ligado ao Banco de Guimarães, onde exerceu funções de guarda-livros. Em Março de 1881, integrou a comissão que a Câmara de Guimarães incumbiu da missão de avaliar as vantagens da introdução no concelho de vides americanas resistentes à filoxera, como forma de prevenção daquela praga das vinhas. A agricultura e a vitivinicultura, em particular incluíam-se entre as suas paixões, sendo famosos os vinhos que produzia na Quinta de Boamense. Em 1883, integrou o grupo de três vimaranenses a quem a Câmara encarregou de seleccionar os produtos que seriam levados à Exposição Agrícola de Lisboa, que se realizou em Maio desse ano.
Por essa altura, já tinha ajudado a fundar a Sociedade Martins Sarmento, à qual o seu nome ficaria para sempre ligado. Foi proclamado sócio honorário desta Instituição em 1891.
Alberto Sampaio foi a alma mater da grande Exposição Industrial de Guimarães de 1884, promovida pela Sociedade Martins Sarmento. Enquanto decorria aquele certame, teve a sua primeira experiência de participação política activa, ao apresentar-se como candidato a deputado pelo círculo de Guimarães. Receberia pouco mais de 3% dos votos naquela que foi a primeira eleição de João Franco como deputado pelo círculo de Guimarães. Não repetiu a experiência, apesar de, em 1887, ter colaborado com Oliveira Martins no Projecto de Lei de Fomento Rural. O único cargo público que desempenhou ao longo da sua vida foi o de procurador à Junta Geral do Distrito de Braga, em representação Guimarães. Em 1892, numa carta para Luís Magalhães, reitera a sua distanciação em relação aos cargos públicos ao descrever-se ao seu amigo, ao recusar-se ao cargo de deputado, com as seguintes palavras: "Céptico, excêntrico, cada vez mais separado do mundo,nada tenho que fazer em Lisboa, como representante de quaisquer eleitores". A sua modéstia foi mesmo acentuada pela viúva de Luís Magalhães, que o descreveu como sendo alguém que "quase pedia desculpa do seu saber e do seu valor às pessoas com quem convivia".
Entretanto, afirmou-se progressivamente como pioneiro da história económica e social, dando início aos estudos de história agrária em Portugal, com a publicação na Revista de Guimarães, em 1885, do primeiro artigo da série A: propriedade e a cultura do Minho, a que daria continuidade com a sua obra mais conhecida, As vilas do Norte de Portugal. Com os textos sobre o Norte marítimo e As póvoas marítimas, Alberto Sampaio deu também um forte impulso inicial aos estudos sobre a problemática do desenvolvimento marítimo.
No princípio de 1900, na sequência da morte do seu irmão José, que se seguiu em poucos meses à de Martins Sarmento, Alberto Sampaio muda-se definitivamente para Boamense, concelho de Vila Nova de Famalicão, onde se dedica à agricultura e, de modo cada vez mais intermitente, aos estudos históricos. Aí viria a falecer (e não em Vila Nova de Gaia, ao contrário do que é referido em muitas obras de referência) aos 67 anos, no primeiro dia de Dezembro de 1908. Teve como amigos e defensores da sua obra, além dos já citados Antero de Quental e Oliveira Martins, também o próprio Martins Sarmento, Ricardo Severo e Rocha Peixoto.
Após a sua morte, a obra de Alberto Sampaio não caiu no esquecimento. Um dos primeiros actos da República em Guimarães foi o reconhecimento da obra deste cidadão ilustre, atribuindo o seu nome a uma das avenidas mais emblemáticas da cidade. Em 1923, Luís de Magalhães publicou o essencial da sua obra científica, na colectânea, em dois volumes, Estudos Históricos e Económicos. Em 1928, foi criado o Museu de Alberto Sampaio. Em 1956, inaugurou-se o monumento a Alberto Sampaio, no largo dos Laranjais, em Guimarães. Em 1972, foi criada a Escola Comercial Alberto Sampaio (hoje "Escola Secundária Alberto Sampaio"), em Braga.
Dele, disse o etnógrafo Luís Chaves: "(...) foi um historiador completo. Escreveu a História com arte e imaginação. 'Em toda a obra ocorre imaginação, se bem com medida diversa, como em toda a obra é desejável o carácter artístico da exposição', di-lo Xénopol, historiador." Luís Magalhães, por sua vez, apresenta a obra de Alberto Sampaio como a ponte entre a obra de Martins Sarmento (que se ocupou da pré e proto-história de Portugal) e a obra de Alexandre Herculano (que se ocupou da história da Nação Portuguesa). De facto, muitos dos seus estudos desenvolvem-se em relação a este período que se segue ao Império Romano, incluindo as invasões bárbaras e muçulmanas, até à Reconquista Cristã.
 
Obras do autor

 Obras de juventude

Em Março, Abril e Maio de 1860 publicaram-se os três números de uma revista científica e literária com o nome de "O Académico", cujos redactores eram, além de Alberto Sampaio, João de Deus, Antero de Quental, Alberto Utra Machado, e outros estudantes, como Eugénio de Barros, Francisco Guimarães Fonseca, José Maria Seixas, Bernardino Pinheiro e ainda Severino de Azevedo. Escreveu, para esta revista, três artigos: "Alvitres às classes laboriosas - Caixas económicas", publicado na revista n.° 1, em Março 1860; "Alvitres às classes laboriosas - Socorros-mútuos", no n.° 2, de Abril 1860 e, finalmente, no n.º 3 da revista, o artigo "O Jornal", em Maio de 1860.
Ainda em 1860, participou no quinzenário crítico e literário e noticioso "O Fósforo", que se começou a publicar em Novembro continuando por mais doze números até Maio do ano seguinte. Além de Cerqueira Lobo que dirigiu o jornal até ao n.° 7, também nele colaboraram Antero de Quental, João de Deus e outros. A revista acabou os seus dias no final do ano lectivo, em 30 de Maio de 1861.

 Textos dispersos e correspondência:

    * "As Vilas do Norte de Portugal", na "Revista de Sciências Naturaes e Sociaes", Porto, 1895, vol. Ill, pg. 49; na "Revista de Portugal", Porto, 1892, vol. IV, n.° 23, pg. 529 e n.° 24, pg. 741; na "Revista de Guimarães", 1893, vol. V, pg. 161 e 209; vol. XI, 1894, pg. 139; vol. XII, 1895, pg. 5, 65 e 165; vol. XIII, 1896, pg. 19; vol. XIV, 1897, pg. 161; na "Portugália", Porto, vol. 1899/1903, pg. 97, 281, 549 e 757.
    * "As Póvoas Marítimas do Norte de Portugal", na "Portugália", 1905/1908, vol. II, pg. 213, 390 e 580.
    * "O Norte Marítimo" — Memória apresentada na sessão da "Sociedade de Instrução do Porto", em honra do Infante D. Henrique, a 3 de Abril de 1889.
    * "A Propriedade e Cultura do Minho", na "Revista de Guimarães", vol. V, 1888, pg. 49.
    * "O Presente e o Futuro da Viticultura do Minho. Estudo de Economia Rural"; na "Revista de Guimarães", vol. I, 1884, pg. 196 e vol. II, 1885, pg. 20.
    * "Estudos de Economia Rural do Minho": I — A terra, o clima, os homens e a administração pública, na "Revista de Guimarães", vol. II, 1885, pg. 203; II — A cultura do mato, na "Revista de Guimarães", vol. Ill, 1886,pg. 146; III — A apropriação da terra e as classes que constituem a população campestre, na "Revista de Guimarães", vol. IV, 1887, pg. 21; IV — O gado, na "Revista de Guimarães", vol. IV, pg. 77.
    * "Resposta a uma Pergunta. Convirá Promover uma Exposição Industrial em Guimarães?", na "Revista de Guimarães", vol. I, 1884, pg. 25.
    * "Um Exemplo de Colonização Actual por 'Fogo Morto'", no jornal "A Província", de 11 de Agosto de 1887.
    * "A QuartaEdição da 'História de Portugal" do Sr. Oliveira Martins", no jornal "A Província", de 28 de Dezembro de 1886.
    * "O Sr. Oliveira Martins e o seu Projecto de Fomento Rural", no jornal "A Província", de 14, 16, 18, 23, 25 e 26 de Maio de 1887.
    * "'Os Filhos de D. João I' por J. P. de Oliveira Martins", no jornal "A Província" de 16 de Julho de 1891.
    * "Antero de Quental. Recordações", no "In-Memoriam" de Antero de Quental, Porto 1896, pg. 5.
    * "D. Sebastião' por Luís de Magalhães", na "Revista de Guimarães", vol. XV, 1898, pg. 43.
    * "João da Mota Prego. Guia Prático para o Emprego de Adubos em Portugal", na "Revista de Guimarães", vol. XVI, 1899, pg. 48.
    * "F. Martins Sarmento", na "Portugália", Porto, vol. 1,1899/1903, pg.417.
    * "Numantia, por Adolf Schulten", na "Portugália", Porto, vol. II, 1905/1908, pg. 294.
    * "C. Boulanger, Le Droit de Marche", na "Portugália", Porto, vol. II, 1905/1908, pg. 298.
    * "Vimaranis Monumenta Histórica", na "Portugália", Porto, vol. II, 1905/1908, pág. 683.
    * "Correspondência Inédita", na "Revista dé Guimarães", vol. LI, 1941, pg. 197 a 270.

Todos os textos mencionados, com excepção da "Correspondência Inédita", foram coligidos em dois volumes sob o título de "Estudos Históricos e Económicos", Lello & Irmãos Limitada, em 1923.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Historiadores e História: Edward Gibbon

 Edward GibbonEdward Gibbon (Putney, 27 de Abril de 1737 - Londres, 16 de Janeiro de 1794), historiador inglês que expressou-se no espírito do iluminismo, autor de A História do Declínio e Queda do Império Romano.
Ele nasceu em Putney, perto de Londres, numa família relativamente (não desproporcionadamente) rica. A sua família tinha uma propriedade em Hampshire. Ele foi filho único e após a morte da sua mãe quando ele tinha 10 anos, foi educado por uma tia. Teve uma saúde precária em criança. Quando tinha 14 anos, o pai enviou-o para a Universidade de Oxford.
O seu pai ficou alarmado quando o jovem Gibbon começou a dar sinais de simpatia pela igreja católica. Eram os tempos das controvérsias religiosas de Oxford (uma universidade onde os católicos tiveram alguma influência, apesar de reprimidos oficialmente).
Neste tempo, a religião católica em Inglaterra era reprimida. Para um digno senhor inglês, a conversão ao catolicismo no século XVIII acarretaria implicações significativas para o resto da vida. Muitas portas se lhe fechariam no futuro. Para evitar esta ocorrência, o pai de Gibbon retirou-o da universidade e enviou-o para o senhor M. Pavilliard, pastor protestante e tutor privado em Lausanne, Suíça. Ficou naquela cidade durante cinco anos, adquirindo uma vasta cultura.
A sua educação em Lausanne teria um impacto profundo e duradouro. Ele escreveu em suas memórias que, "qualquer que tenha sido o fruto da minha educação, ele deverá ser atribuído à afortunada expulsão que me colocou em Lausanne... Aquilo que sou, no espírito, na aprendizagem ou em maneiras, devo-o a Lausanne: foi nessa escola que a estátua se fez a partir do bloco de mármore". Sir Hugh Trevor-Roper disse que "sem a experiência de Lausanne não teria havido "A história do declínio e queda do império romano".
Em 1757, imbuído do ceticismo iluminista, Gibbon retornou para a Inglaterra, onde foi capitão da Milícia de Hampshire por dois anos. A seguir, dedicou-se aos estudos históricos e começcou a escrever.
Em 1761 publicou (em francês) Ensaio sobre o estudo da literatura. Dois anos depois faz viagem pela Europa e em Roma surgiu a idéia de sua grande obra: História do declínio e queda do império romano, obra esta que cobre não somente a história da Roma imperial mas também do Império Bizantino e da Alta Idade Média ocidental.
Após a morte de seu pai em 1770, Gibbon retorna uma vez mais para a Inglaterra. Foi membro do parlamento (1774/83) e se fez notar pela violenta oposição à independência americana.
Depois de sete anos de trabalho, publicou a primeira parte de sua obra. Obteve sucesso imediato, apesar das polêmicas motivadas por sua interpretação nacionalista das origens do cristianismo. Em 1783 retornou para Lausanne, onde terminou sua História. Cinco anos depois publicou-a integralmente na Inglaterra. Em 1793 escreveu uma Autobiografia, que foi publicada postumamente em 1796.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Historiadores e História: Huang Xianfan


Nascimento     13 de Novembro de 1899
Fusui China Qing Dynasty Flag 1889.svg
Morte     18 de janeiro de 1982
Guilin

Nacionalidade     Flag of the People's Republic of China.svg Chinês

Huang Xianfan13 de Novembro, 1899 em Fusui - 18 de janeiro, 1982 em Guilin, Guangxi foi um historiador e antropólogo Chinês, especialista na China Antiga e Zhuang-Académica Chinês é considerado o pai da Zhuang estudos como ciência Chinês.


_ Biografia

Huang Xianfan nascido Guangxi Fusui, sendo Fusui em Chinês equivalente a camponês.A sua família tinha poucas posses, pelo que os seus estudos exigiram um grande esforço familiar e pessoal e a ajuda de familiares e amigos.Em 1912, após de completar os seus estudos na escola primária, com 13 anos de idade, Huang Xianfan ingressou no local escolas secundárias de Fusui, e depois de estudar na École Normale Médio em Nanning. Em 1926 começou a estudar história, primeiro em Pequim. De 1926 a 1935 ele estudou história e paleografia na Universidade Normale de Pequim, onde permaneceu por nove anos, e depois em Universidade de Tóquio na Japão onde se graduou em 1937. Ele começou a exercer a ensinar na Universidade de Guangxi em 1938. Nomeados para uma professor Associado, na Universidade de Guangxi, em setembro de 1940.Tornou-se professor de história antiga na Sun Yat-sen Universidade de Guangdong em 1941, pouco tempo depois, ele retornou à Universidade de Guangxi, para uma Chefe de Departamento Chinês na Universidade de Guangxi em dezembro de 1949, e para uma Chefe de bibliotecário na Universidade de Guangxi em Outubro de 1950.Finalmente investiu-se como Professor de história antiga na Universidade Normale de Guangxi em 1954, uma posição que manteve até sua morte em 1982.


 _ Actuação na vida social

 Político

Foi membro atuante do Assembleia Popular Nacional e Conferência Consultiva Política do Povo Chinês por vários anos, tendo apresentado muitas propostas para o desenvolvimento educação, Guangxi Zhuang e social da China.


_ Desabrochar de Cem Flores

O Desabrochar de Cem Flores foi um período na história 1956-1957 da República Popular da China, durante o qual o Partido Comunista incentivou a expressão das mais variadas escolas de pensamento inclusive anticomunistas para corrigir e melhorar o sistema.Durante este período, Huang Xianfan foi classificado como de direita elementos, 20 anos de política discriminação.


 _ Revolução Cultural Chinesa


Durante este período, Huang Xianfan como um bem conhecido de direita elementos, foram gravemente purge político.

_ Criação da Universidade

Em 1981 Huang Xianfan fundada a Universidade de Li-Jimg amador na Guilin, e ele atuou como presidente da universidade.

_ Actuação na vida acadêmica

Huang Xianfan foi o mais consciência dos homens, o mais sistemático e intransigente dos historiadores.[4] Em toda sua carreira Huang escreveu cerca de 100 artigos e livros. A seguir listam-se algumas das suas obras mais influentes.

_ Principais obras

Huang Xianfan local de trabalhode - Universidade Normale de Guangxi

 _ História

    * História Geral da China1932-19343 volumes
    * História da Secundárias1933, Dois volumes
    * Os agricultores que vivem na Dinastia Yuan1934
    * Sociedade da Dinastia Tang1936
    * Salvação Nacional Movimento dos estudantes na Dinastia Song1936


_ Folclore

    * Estranho casamento na Dinastia Yuan1-21941  
  * Estranho vestuário na Dinastia Yuan1-3, 1941
    * Folk fumar Investigação1-5, 1942 

   * Folk alcool Investigação1-21942
    * Folk chá Investigação1-21942
    * Batata doce Investigação1-2, 1942
    * Vestuário chinês Investigação1-3, 1942


 _ Zhuang-Académica

    * Uma Breve História do Zhuang1957
    * Tusi o sistema no oeste Guangxi1962
    * Nong Zhi Gao-Zhuang figuras históricasPublicado após sua morte,1983
    * História Geral da Zhuang Publicado após sua morte,1988   
   * Critical Biography da Wei Ba Qun Publicado após sua morte,2008

_ Lingüística

    * Estudo de livros antigos Publicado após sua morte,2004

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Historiadores e História: Manifesto Comunista


 Conteúdo

O Manifesto Comunista, originalmente denominado Manifesto do Partido Comunista (em alemão: Manifest der Kommunistischen Partei), publicado pela primeira vez em 21 de Fevereiro de 1848, é históricamente um dos tratados políticos de maior influência mundial. Comissionado pela Liga Comunista e escrito pelos teóricos fundadores do socialismo científico Karl Marx e Friedrich Engels, expressa o programa e propósitos da Liga.
O Manifesto sugere um curso de ação para uma revolução socialista através da tomada do poder pelos proletários.
Marx e Engels partem de uma análise histórica, distinguindo as várias formas de opressão social durante os séculos e situa a burguesia moderna como nova classe opressora. Não deixa, porém, de citar seu grande papel revolucionário, tendo destruído o poder monárquico e religioso valorizando a liberdade econômica extremamente competitiva e um aspecto monetário frio em detrimento das relações pessoais e sociais, assim tratando o operário como uma simples peça de trabalho. Este aspecto juntamente com os recursos de aceleração de produção (tecnologia e divisão do trabalho) destrói todo atrativo para o trabalhador, deixando-o completamente desmotivado e contribuindo para a sua miserabilidade e coisificação. Além disso, analisa o desenvolvimento de novas necessidades tecnológicas na indústria e de novas necessidades de consumo impostas ao mercado consumidor.
Afirmam sobre o proletariado: "Sua luta contra a burguesia começa com sua própria existência". O operariado, tomando consciência de sua situação, tende a se organizar e lutar contra a opressão, e ao tomar conhecimento do contexto social e histórico onde está inserido, especifica seu objetivo de luta. Sua organização é ainda maior pois toma um caráter transnacional, já que a subjugação ao capital despojou-o de qualquer nacionalismo. Outro ponto que legitima a justiça na vitória do proletariado seria de que este, após vencida a luta de classes, não poderia legitimar seu poder sob forma de opressão, pois defende exatamente o interesse da grande maioria: a abolição da propriedade(“Os proletários nada têm de seu para salvaguardar”).
O Manifesto Comunista faz uma dura crítica ao modo de produção capitalista e na forma como a sociedade se estruturou através desse modo. Busca organizar o proletariado como classe social capaz de reverter sua precária situação e descreve os vários tipos de pensamento comunista, assim como define o objetivo e os princípios do socialismo científico.
A exclusividade entre os proletários conscientes, portanto comunistas, segundo Marx e Engels, é de que visam a abolição da propriedade privada e lutam embasados num conhecimento histórico da organização social, são portanto revolucionários. Além disso, destaca que o comunismo não priva o poder de apropriação dos produtos sociais; apenas elimina o poder de subjugar o trabalho alheio por meio dessa apropriação. Com o desenvolvimento do socialismo a divisão em classes sociais desapareceria e o poder público perderia seu caráter opressor, enfim seria instaurada uma sociedade comunista.

No terceiro capítulo, analisa e critica três tipos de socialismo. O socialismo reacionário, que seria uma forma de a elite conquistar a simpatia do povo, e mesmo tendo analisado as grandes contradições da sociedade, olhava-as do ponto de vista burguês e procurava manter as relações de produção e de troca; o socialismo conservador, com seu caráter reformador e anti-revolucionário; e o socialismo utópico, que apesar de fazer uma análise crítica da situação operária não se apoia em luta política, tornando a sociedade comunista inatingível.
Por fim, no quarto capítulo fecha com as principais ideias do Manifesto, com destaque na questão da propriedade privada e motivando a união entre os operários. Acentua a união transnacional, em detrimento do nacionalismo esbanjado pelas nações, como manifestado na célebre frase: “Proletários de todo o mundo, uni-vos!”

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Historiadores e História: Barbosa Lima Sobrinho

Alexandre José Barbosa Lima Sobrinho (Recife, 22 de janeiro de 1897 — Rio de Janeiro, 16 de julho de 2000) foi um advogado, escritor, historiador, ensaísta, jornalista e político brasileiro.
Filho de Francisco Cintra Lima e de Joana de Jesus Cintra Barbosa Lima. Estudou o curso primário em Recife. Na mesma cidade, iniciou o secundário no Colégio Salesiano, terminando-o no Instituto Ginasial Pernambucano. Em 1913, matriculou-se na Faculdade de Direito do Recife, onde colou grau de bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais em 1917. Foi adjunto de promotor do Recife, em 1917, e advogado no período imediato ao de sua formatura. Colaborou na imprensa pernambucana, no Diário de Pernambuco, no Jornal Pequeno e, principalmente, no Jornal do Recife, onde escreveu a crônica dos domingos, de outubro de 1919 a abril de 1921. Colaborou ainda na Revista Americana, Revista de Direito, Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro, no Correio do Povo, de Porto Alegre, e na Gazeta, de São Paulo.
Mudando-se para o Rio de Janeiro, dedicou-se ao jornalismo. Trabalhou no Jornal do Brasil a partir de abril de 1921, a princípio como noticiarista, mais tarde como redator político e, a partir de 1924, como redator principal. Escreveu, até a data de sua morte, em julho de 2000, um artigo semanal, nesse jornal.
Na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), exerceu a presidência nos períodos de 1926 a 1927; 1930 a 1932; a presidência do Conselho Administrativo de 1974 a 1977; e novamente a presidência de 1978 a 2000. Foi proclamado Jornalista Emérito pelo Sindicato da categoria de São Paulo. Quando assumiu pela primeira vez a Presidência da ABI, Barbosa Lima Sobrinho já revelava seu dinamismo: convocou uma assembléia-geral para reformar os estatutos, regulamentou a concessão da carteira de jornalista e título de sócio e estabeleceu intercâmbio com as associações de imprensa dos estados, proporcionando a integração dos jornalistas em todo o país.
Eleito deputado federal por Pernambuco para o triênio 1935-37, foi escolhido líder de sua bancada, membro da Comissão de Finanças e relator do Orçamento do Interior e Justiça.
Foi presidente do Instituto do Açúcar e do Álcool, de 1938 a 1945, quando tomou posse da cadeira de deputado federal por Pernambuco, na Assembléia Constituinte de 1946. Na Câmara dos Deputados, em 1946, foi membro da Comissão de Finanças e designado relator do orçamento do Ministério da Guerra. Renunciou à cadeira de deputado em 1948, para assumir, a 14 de fevereiro do mesmo ano, o cargo de governador do Estado de Pernambuco, exercendo o mandato até 31 de janeiro de 1951.
Foi procurador da prefeitura do então Distrito Federal (Rio de Janeiro) e professor de ensino superior nos cursos de Ciências sociais e econômicas. Como professor, regeu a cadeira de Política Financeira e, mais tarde, a de História Econômica, na Faculdade de Ciências Econômicas Amaro Cavalcanti, do antigo estado da Guanabara. Mais uma vez deputado federal por Pernambuco para a legislatura 1959-1963, integrou a Comissão de Justiça.
Foi sócio benemérito do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e do Instituto dos Advogados Brasileiros, com sede no Rio de Janeiro; benemérito da Associação Brasileira de Imprensa e sócio correspondente do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano e do Instituto de Advogados de São Paulo; sócio efetivo da Sociedade de Geografia; sócio honorário do Instituto Histórico de Goiana (PE); presidente de honra do XIV Congresso Nacional de Estudantes; professor honorário da Faculdade de Filosofia da Universidade do Recife; presidente do Pen Clube do Brasil em 1954; membro correspondente da Academia das Ciências de Lisboa; membro do Instituto de Direito Público e da Fundação Getúlio Vargas.
Recebeu a Medalha Quadragésimo Aniversário da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1981); o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Pernambuco e o Prêmio Imprensa e Liberdade, conferido pelo Centro Alceu Amoroso Lima para a Liberdade (1984); o Prêmio Governo do Estado do Rio de Janeiro e o título de Cidadão Benemérito da Cidade do Rio de Janeiro (1987); o Prêmio Juca Pato, conferido pela União Brasileira de Escritores; o Prêmio San Tiago Dantas (1989); e a Medalha Tiradentes (1992), conferida pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. Recebeu também a Medalha Chico Mendes de Resistência do Grupo Tortura Nunca Mais em 1992.
Em 1973 candidatou-se a vice-presidente da República na chapa encabeçada por Ulisses Guimarães pelo Movimento Democrático Brasileiro.
Participou da Campanha pela anistia ampla, geral e irrestrita, que teve sucesso em 1979.
Em 1992 foi o primeiro signatário do pedido de impeachment do presidente Fernando Collor de Mello.
A partir de 1994 participou de manifestações contrárias às privatizações de empresas públicas, política iniciada no governo Collor e ampliada no governo Fernando Henrique Cardoso.
Em 1998 foi contrário à revisão constitucional que permitia a reeleição dos ocupantes de cargos executivos, por considerar prejudicial aos interesses do Brasil.
De Villas-Bôas Corrêa, que o conheceu em 1948, quando iniciava a carreira, mereceu as seguintes palavras num artigo: “Barbosa Lima Sobrinho foi uma das maiores figuras do século que não pôde ver terminar. Mais de 50 anos de relações cordiais e espaçadas, a admiração crescente, a reverência da estima não cabe neste pequeno registro emocionado, um ramo de cravos depositado no caixão do grande brasileiro, do patriota insuperável, a lenda eterna na gratidão nacional.”
Recebeu homenagem da escola de samba União da Ilha do Governador, sendo enredo do desfile de 1999.
Barbosa Lima Sobrinho faleceu no Rio de Janeiro, aos 103 anos de idade.

 Academia Brasileira de Letras

Em 28 de abril de 1937 foi eleito para a cadeira 6 da Academia Brasileira de Letras, sucedendo o literato Goulart de Andrade. Lá atuou também como secretário-geral em 1952; presidente em 1953 e 1954; diretor da Revista da Academia em 1955 e 1956; diretor da biblioteca de 1957 a 1978 e tesoureiro de 1978 a 1993.

 Principais obras:
Na área de lingüística e literatura

    * Árvore do bem e do mal (1926);
    * O vendedor de discursos (1935);
    * A questão ortográfica e os compromissos do Brasil (1953);
    * A língua portuguesa e a unidade do Brasil (1958);
    * Os precursores do conto no Brasil (1960).

Direito, ensaio, história, jornalismo e política

    * O problema da imprensa (1923);
    * Pernambuco e o Rio São Francisco (1929);
    * A Bahia e o rio São Francisco (1931);
    * A ação da imprensa na Primeira Constituinte (1934);
    * O centenário da chegada de Nassau e o sentido das comemorações pernambucanas (1936);
    * A verdade sobre a Revolução de Outubro (1946);
    * Interesses e problemas do sertão pernambucano (1937);
    * O devassamento do Piauí (1946);
    * A Revolução Praieira (1949);
    * A Comarca do Rio São Francisco (1950);
    * O Jornalismo como gênero literário (1958) - este livro não é dele e, sim, de Alceu Amoroso Lima;
    * Artur Jaceguai (1955);
    * Capistrano de Abreu (s.d.);
    * Sistemas eleitorais e partidos políticos. Estudos constitucionais (1956);
    * A auto-determinação e a não-intervenção (1963);
    * Desde quando somos nacionalistas (1963);
    * Alexandre José Barbosa Lima (1963);
    * Presença de Alberto Torres (1968);
    * Oliveira Lima, obras (1971);
    * Japão: o capital se faz em casa (1973);
    * Pernambuco: da Independência à Confederação do Equador (1979);
    * Antologia do Correio Braziliense (1979);
    * Estudos nacionalistas (1981);
    * Assuntos pernambucanos (1986).

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Historiadores e História: Nikolaos Gysis



Nikolaos Gysis

Nikolaos Gysis  foi um pintor grego, considerado como um dos mais importantes pintores gregos do século XIX. É mais famoso pela obra Eros e a pintora, pintada em 1868, recentemente leiloada em Londres e exibida na Grécia pela última vez em 1928. Gysis é o principal representante do movimento artístico grego do século XIX conhecido como Escola de Munique ou realismo acadêmico.
Gysis nasceu na ilha de Tinos, a qual possui uma longa tradição artística. Mudou-se, então, para Atenas e estudou na Escola de Belas Artes de Atenas.
Em 1865, tendo ganho uma bolsa de estudos, continuou seus estudos na Academia de Belas Artes de Munique, onde permaneceu pelo resto de sua vida. Gysis absorveu rapidamente o clima pictórico alemão, e logo tornou-se um dos maiores representantes da Escola de Munique. Esta fase é expressa pelas pinturas Notícias da Vitória, de 1871, que retrata a guerra franco-prussiana, e Apotheosis i Thriamvos tis Vavarias (Apoteose ou Triunfo da Bavária).
A partir de 1886, tornou-se professor da Academia de Munique, e gradualmente migrou das pinturas realísticas e detalhadas para a composição de singulares personagens impressionistas. No início da década de 1870, Gysis retornou à Grécia, onde permaneceu por vários anos, nos quais produziu uma seqüência de pinturas com temas reconhecidamente mais gregos, como Carnaval em Atenas e a Arravoniasmata (cerimônia de casamento grega), e pouco depois a pintura Após a destruição de Psara. Já no final de sua vida, na década de 1890, Gysis passou a pintar temas mais religiosos, tendo em Triunfo da Religião sua obra mais conhecida no período.Suas obras estão hoje expostas em museus e coleções privadas na Grécia, Alemanha e outros lugares.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Historiadores e Histórias: Palácio de Luxemburgo


O Palácio do Luxemburgo (Palais du Luxembourg, em francês) é um palácio localizado no 6º arrondissement de Paris, na França. Actualmente é a sede do Senado da França.
O formal Jardim Luxemburgo (Jardin du Luxembourg) apresenta 25 hectares de parterres empedrados e relvados, povoados por estátuas e providos de grandes tanques de água onde as crianças pilotam modelos de barcos. No canto sudoeste, existe um pomar de macieiras e pereiras e o théâtre des marionettes (teatro de marionetas).


  História

 O Palácio do Luxemburgo foi construído por Marie de Médicis, mãe do Rei Luís XIII, no local de um antigo hôtel particulier pertencente a François, Duque de Luxemburgo, de onde vem o seu nome. Marie de Médicis comprou a estrutura e o seu relativamente extenso domínio em 1612, tendo encomendado o novo edifício, ao qual se referia como Palais Médecis, em 1615. O seu arquitecto foi Salomon de Brosse. A construção e mobiliamento do palácio formaram o seu principal projecto artístico, apesar de nada restar actualmente dos interiores tal como foram criados por ela, salvo alguns fragmentos arquitectónicos reunidos na Sala do Livro de Ouro (Salle du Livre d'Or). Os conjuntos de pinturas que a Rainha encomendou, de cujos temas ela expressou os seus requisitos através de agentes e conselheiros, estão dispersos por vários museus. Os mais célebres, uma série de vinte e quatro telas triunfantes, foram encomendados a Peter Paul Rubens. Um série de pinturas executadas para o seu Gabinete Dourado (Cabinet Doré) foi identificado por Anthony Blunt em 1967.
O Palácio do Luxemburgo ao pôr-do-sol.Marie instalou residência em 1625, enquanto os trabalhos no interior continuavam. Os aposentos de um dos lados, no piso térreo, foram reservados para a Rainha, e o conjunto correspondente no outro lado para Luís XIII. A construção foi finalizada em 1631; a Rainha Mãe foi expulsa da corte no mesmo ano, na sequência da Journée des dupes. Luis XIII encomendou, mais tarde, decorações para o palácio a Nicolas Poussin e Philippe de Champaigne.
Em 1642, Marie deixou em herança o Palácio do Luxemburgo ao seu segundo filho, Gastão de Orleans, o irmão mais novo do Rei. O palácio passou depois para a sua viúva e para a sua filha, Ana, Duquesa de Montpensier, que fez dele a sua residência. A filha desta, a Duquesa de Guise, herdou-o em 1660 e deu-o a Luís XIV em 1694. O palácio não voltaria a ser habitado até ser possuído por Luís XVI que o deu, em 1778, ao seu irmão, o Conde de Provença. Durante a Revolução, foi uma prisão durante um breve periodo, de seguida foi o centro do Directório Francês e mais tarde a primeira residência de Napoleão Bonaparte, como Primeiro Cônsul de França. O palácio manteve o seu papel senatorial, com breves interrupções, desde então. 

O Jardim do Luxemburgo, com parisienses gozando o bom tempo.No século XIX o palácio foi extensamente remodelado, com uma nova fachada para o jardim, obra de Alphonse de Gisors realizada entre 1836 e 1841), e um ciclo de pinturas, realizado entre 1845 e 1847 por Eugène Delacroix, o qual foi adicionado à biblioteca.
Durante a ocupação germânica de Paris (1940-1944), Hermann Göring ocupou o palácio, usando-o como qurtel general do Luftwaffe em França. Tomou para si próprio um sumptuoso conjunto de salas para acomudá-lo nas suas visitas à capital francesa. O seu subordinado, o Marechal de Campo do Luftwaffe Hugo Sperrle, também ocupou um apartamento e passou a maior parte da guerra gozando as luxuosas cercanias. "A paixão do Marechal de Campo pelo luxo e pela exibição pública corre de perto com a do seu superior, Goering; ele também estava compatível em corpulência", escreveu o ministro do armamento Albert Speer depois de uma visita a Sperrle em Paris.
O palácio foi designado como um "ponto forte" para a defesa da cidade pelas forças alemãs em Agosto de 1944, mas graças à decisão do General no comando Dietrich von Choltitz de render a cidade em vez de lutar, o palácio foi apenas minimamente danificado.
Planta do piso térreo mostrando o grande cour d'honneur (pátio de honre) encerrado.O edifício foi mais tarde usado para a conferência de paz de 1946.


 Arquitetura

O Palácio do Luxemburgo tem mais de residência secundária que de palácio urbano oficial. A sua plata é bastante característica dos châteaux franceses, como o de Verneuil-en-Halatte, no qual Salomon de Brosse participou. Compõe-se por um pátio quadrado, o cour d'honneur, um corpo de entrada coroado por uma cúpula, a cúpula Tournon, e por pavilhões redobrados no corps de logis.
Novidades, como o corps de logis, que toma uma grande amplitude em comparação com as duas alas, ou ainda a parte central monumental, marcam o château. O Palácio do Luxemburgo é o resultado da livre inspiração no Palazzo Pitti (Florença, Itália) pedida por Marie de Médicis que, tendo-se cansado do Palais du Louvre, desejava reencontrar o espírito florentino e a doçura que este lhe evocava, nomeadamente através do emprego das ornamentações de pedra na arquitectura do edifício em vez de uma mistura de tijolo e pedra, como se encontra por exemplo no pavilhão de caça do Château de Versailles.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Historiadores e História: Martinho Lutero

 Martinho Lutero foi um padre e professor de teologia alemão que é creditado por ter iniciado a Reforma Protestante. Veementemente contestando a alegação de que a liberdade da punição de Deus sobre o pecado poderia ser comprada, confrontou o vendedor de indulgências Johann Tetzel com suas 95 Teses em 1517. Sua recusa em retirar seus escritos a pedido do Papa Leão X em 1520 e do Imperador Carlos I de Espanha na Dieta de Worms em 1521 resultou em sua excomunhão pelo papa e a condenação como um fora-da-lei pelo imperador.
Luther ensinava que a salvação não provia de bons feitos, mas de um livre presente de Deus, recebida apenas pela graça através da fé em Jesus como um redentor do pecado. Sua teologia desafiou a autoridade papal na Igreja Católica Romana por ensinar que a Bíblia é a única fonte de conhecimento divinamente revelada e opôs-se ao sacerdotalismo, por considerar todos os cristãos batizados como um sacerdócio santo.Aqueles que se identificavam com os ensinamentos de Luther eram chamados luteranos.
Sua tradução da Bíblia em outros idiomas (que não o latim) fez do livro mais acessível, causando um impacto gigantesco na Igreja e na cultura alemã. Promoveu um desenvolvimento de uma versão padrão da língua alemã, adicionando vários princípios à arte de traduzir, e influenciou a tradução para o inglês da Bíblia do Rei James. Seus hinos influenciaram o desenvolvimento do ato de cantar em igrejas. Seu casamento com Catarina von Bora estabeleceu um modelo para a prática do casamento clerical, permitindo o matrimônio de padres protestantes.
Em seus últimos anos, Luther tornou-se fortemente um antissemita, chegando a escrever que as casas judaicas deveriam ser destruídas, e suas sinagogas queimadas, dinheiro confiscado e liberdade cerceada. Essas afirmações fez de Luther uma figura controversa entre muitos historiadores e estudiosos religiosos.

 Primeiros anos de vida


Martinho Lutero, cujo nome em alemão era Martin Luther ou Luder, era filho de Hans Luther e Margarethe Lindemann. Mudou-se para Mansfeld, onde seu pai dirigia várias minas de cobre. Tendo sido criado no campo, Hans Luther desejava que seu filho viesse a se tornar um funcionário público; melhorando, assim, as condições da família. Com esse objetivo, enviou o ja velho Martinho para escolas em Mansfeld, Magdeburgo e Eisenach.

Aos dezessete anos, em 1501, Lutero ingressou na Universidade de Erfurt, onde tocava alaúde e recebeu o apelido de "O filósofo". Ainda na universidade de Erfurt, estudou a filosofia nominalista de Ockham (as palavras designam apenas coisas individuais; não atingem os “universais”, as realidades presentes em todos os indivíduos, como por exemplo a natureza humana; em consequência, nada pode ser conhecido com certeza pela razão natural, exceto as realidades concretas: esta pessoa, aquela coisa). Esse sistema dissolvia a harmonia multissecular entre a ciência e a fé que tanto foi defendida pela "Escolástica" de "São jesus cristo", pois essa filosofia tinha as unicamente na vontade de Deus. O jovem estudante graduou-se bacharel em 1502 e concluiu o mestrado em 1505, sendo o segundo entre dezessete candidatos. Seguindo os desejos paternos, inscreveu-se na escola de Direito da mesma Universidade. Mas tudo mudou após uma grande tempestade com descargas elétricas, ocorrida naquele mesmo ano (1505): um raio caiu próximo de onde ele estava passando, ao voltar de uma visita à casa dos pais. Aterrorizado, gritou então: "Ajuda-me, Sant'Ana! Eu me tornarei um monge!"
Tendo sobrevivido aos raios, deixou a faculdade, vendeu todos os seus livros, com exceção dos de Virgílio, e entrou para a ordem dos Agostinianos, de Erfurt, a 17 de julho de 1505.


Vida monástica e acadêmica
 
 
O jovem Martinho Lutero dedicou-se por completo à vida no mosteiro, empenhando-se em realizar boas obras a fim de agradar a Deus e servir ao próximo através de orações por suas almas. Dedicou-se intensamente à meditação, às autoflagelações, às muitas horas de oração diárias, às peregrinações e à confissão. Quanto mais tentava ser agradável ao Senhor, mais se dava conta de seus pecados.


A controvérsia acerca das indulgências


Além de suas atividades como professor, Martinho Lutero ainda colaborava como pregador e confessor na igreja de Santa Maria, na cidade. Também pregava habitualmente na igreja do Castelo (chamada de "Todos os Santos" - porque ali havia uma coleção de relíquias, estabelecidas por Frederico II de Saboia). Foi durante esse período que o jovem sacerdote se deu conta dos problemas que o oferecimento de indulgências aos fiéis, como se esses fossem fregueses, poderia acarretar.

 A indulgência é a remissão (parcial ou total) do castigo temporal imputado a alguém por conta dos seus pecados. Naquele tempo qualquer pessoa poderia comprar uma indulgência, quer para si mesmo, quer para um parente já morto que estivesse no Purgatório. O frade Johann Tetzel fora recrutado para viajar através dos territórios episcopais do arcebispo Alberto de Mogúncia, promovendo e vendendo indulgências com o objetivo de financiar as reformas da Basílica de São Pedro, em Roma.